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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Análise Retrô: Admirável Chip Novo - Pitty (2003)


O que dizer de um disco que tirou do marasmo o rock nacional? O que dizer de um disco que trouxe à tona uma das artistas mais influentes e importantes da história da música contemporânea brasileira, respeitada por nomes como Rita Lee, Zé Ramalho, Ira! e vários outros monstros da música? É difícil quando se está no olho do furacão saber as proporções das coisas. O vento foi forte e hoje quase 11 anos depois de seu lançamento, será que ACN mantêm o status de álbum de uma geração?

Pitty é uma daquelas artistas que te fazem refletir. Esse disco foi responsável pela "revolução literária na minha vida. Aldous Huxley, George Orwell, Thomas Hobbes são exemplos de autores descobertos nesse contato com as canções do disco. E, especialmente para mim, o disco foi responsável por uma releitura dos conceitos de música, com conteúdo sócio-introdutório.


Pitty neste disco mostra o mundo sombrio criado pelo sistema capitalista e as revoluções trabalhistas que criaram grande dependência de direção nas pessoas. Me lembro durante minhas aulas do meu curso de administração, sobre como o sistema administrativo se alimenta e se configura como aberto e, logo dotado de grande sinergia. É possível comparar a sonzera da Pitty e as teorias apresentadas, e os esquemas com vários teóricos da administração. Taylor, Fayol, McGregor e, por incrível que pareça Pitty me fez ter genuína atenção a esses movimentos da história da concepção do trabalho humano. Me lembro especialmente de Fayol e as teorias do homo economicus e as discussões da ética por trás do consumo e produção de bens.  Daria para fazer um TCC encima desses pensamentos.

Pitty foi capaz de criar uma onda de auto aceitação incomum. Portanto, quem vai à shows da Pitty encontrará facilmente homossexuais e pessoas "desajustadas" cuja letra de "Máscara", por exemplo teve exímia importância. E, ironicamente, vem a tona mais um autor: Jean Jacques Rousseau e o movimento teórico de contrato social me fazem refletir o papel do poder que a sociedade tem sobre o Estado.


Eu poderia falar nessa análise sobre os aspectos técnicos de cada canção, ou sobre o quanto eu me diverti ouvindo cada uma delas. Mas preferi trazer um pouco da minha visão literária sobre o disco, que eu, particularmente carrego comigo eternamente. Por isso, ACN é tão maravilhoso. No furacão da estética, da forma como objeto absoluto do estudo, a teoria e a abstração são os mais importantes. Viver a música, sentí-la não só como entretenimento, mas como um vínculo com as discussões e palco das inquietações, esse é o legado.



Ouça sem parar:

"Máscara" / Admirável Chip Novo" / Semana que vem" / "O Lobo" / "Equalize" / "Teto de Vidro" 

Ficha técnica:
Gravadora: Deck
Gênero: Hard Rock / Hardcore / Rock / Poprock
Ano: 2003
Nota: 10

Análise: Our Nature - Savoir Adore (2012)


Paul Hammer e Deidre Muro são o duo conhecido como Savoir Adore, possuem uma carreira um tanto obscura ainda. A dupla fez uma campanha de doações para arrecadar US$10.000,00 e lançar o disco no site kickstarter.com e obtiveram sucesso no financiamento, lançando "Our Nature", e os investimentos parecem ter sido bem aproveitados.

"Our Nature" é um disco indie por natureza. A cena, apesar de ampla, tem tomado tom de gênero e, sendo assim, tem caracterizado seu som. Não é incomum vermos sites especializados de músicas caracterizarem artistas como indie, mesmo que esses não sejam "indie", que originalmente era uma forma de dizer que a banda se lançou no mercado de forma independente. Erroneamente, por exemplo, vemos bandas como Placebo, que é uma banda de rock progressivo, com contrato assinado com a EMI ser chamada de indie.

O indie hoje virou sinônimo de alternativo, e Savoir Adore tanto é o indie do passado quanto o do presente. E portanto, a banda traz músicas que se distanciam dos desejos do mercado "mainstream" e faz as coisas por conta própria, buscando de maneiras próprias lançar seus materiais. Portanto como eu já disse, Our Nature é um disco indie por natureza.


O disco inicia seus trabalhos com "Dreamers" que já te joga a proposta do duo na sua cara. O conteúdo metafísico das letras fica explícito logo nos primeiros versos, que parecem jogar leituras incompletas ou confusas de situações absurdas. Assim como quando acordamos assustados de um sonho chocante! E a voz do outro lado da cama pede para que volte a dormir pois está tudo bem. O duo tem um poder narrativo capaz de criar imagens e situações bastante atraentes e completas. Esses esquemas mentais fazem parte de quase todo o disco e são a peça chave para os trabalhos.

As primeiras faixas "Loveliest Creature", "Sparrow" são uma conversa inteligente que busca entender o que foram, o que são numa descoberta mútua pela identidade que parece estar perdida em algum lugar no espaço. "Imagination" segue essa identidade mística que a banda adotou nas primeiras faixas, trazendo novamente a tona esquemas mentais intricados, brincando com a realidade. E "Anywhere You Go" joga com a realidade em um jogo sonoro bastante molhado e divertido, e a conversa inteligente continua...

"Our Nature" música que dá título ao álbum mostra a beleza atmosférica da vida, de seus movimentos transitórios que tornam, muitas vezes, o ato de viver confuso, porém abrangente e irritante. "Regalia" fala das várias personalidades, dos velhos nomes que temos, das "famas" que adquirimos e muitas vezes negamos.



"At the same time" joga no time de músicas mais tradicionais e está jogando com bolhas melódicas bastante comuns. "Empire of Light" é o pouco que faz muito: poucos elementos, poucos momentos de transição melódica, poucas distorções. A simplicidade da música é inversamente proporcional à sua beleza.  Os trabalhos seguem com "Speed Bump" cujo refrão só começa a funcionar da metade para o fim da música depois de uma entrada tediosa que falha ao entregar logo de cara sua proposta, que deixa um ar no final de "música para hipsters".

"Wild Davie" é uma visitação ao dream pop de My blood Valentine e Mazzy Star e não faz feio, muito embora não seja tão criativa quanto poderia. E os trabalhos finalizam com a espectral "Sea of Gold" e som ecoado e as batidas pulsantes do baixo, parecem passadas delicadas de alguém que nada vagarosamente por um mar espesso.



Não me entenda mal, Our Nature é um ótimo disco, com referências interessantes, experiência bastante completa e divertida, mas seu maior trunfo também é seu maior defeito, ele é "indie" demais e a falta de inovação faz com que a banda se mantenha nos status de "banda com grande potencial". O que me faz ter uma grande curiosidade pelos próximos trabalhos. A banda esteve recentemente em São Paulo e infelizmente não fui conferi-los ao vivo, porém as pessoas que foram, elogiaram o vigor e carisma do duo.

Ouça sem parar:

"Dreamers" / "Empire of Light" / "Sparrow" / "Regalia" / "Loveliest Creature"

Ficha técnica:
Gravadora: Tri Tone
Gênero: Rock Alternativo / Eletronic / New Wave / Indie Pop
Ano: 2012
Nota: 7,25

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Music of the Week: Sinéad - Within Temptation

Mais uma sexta, mais uma música. Já que estamos em clima de lançamento de CD da banda Within Temptation, com direito a análise e tudo. Eles não se saíram tão bem dessa vez pois seu CD é um revival. Dessa forma vamos reviver uma das melhores músicas da carreira dessa banda. Sinéad é um metal sinfônico à lá anos 80, super dançante. Muitos djs abusaram dessa característica. Toca o play!



Versão do DJ Alex M.O.R.P.H:


Você poderá encontrar essa música no álbum "The Unforgiving"

Análise: Hydra - Within Temptation (2014)

E hoje é marcado pelo lançamento do que, pra mim, e para os fãs da banda holandesa Within Temptation é o cd mais aguardado do ano. Hydra criou um hype enorme, seja pelas participações especiais que incluem Tarja Turunem, como também pela trajetória da carreira da banda em si. Dentre as bandas de Metal sinfônico, sem medo de parecer parcial, o Within Temptation é uma das melhores! Seja por uma banda experiente, por uma vocalista de técnica invejável, voz agradável e bela, como também por apresentações ao vivo totalmente épicas! Quem foi aos shows da banda no país pôde notar a qualidade do trabalho de Sharon Den Adel e sua turma. Será que Hydra conseguiu superar o buzz de seu lançamento e equiparar a qualidade com as expectativas?

O Within Temptation tem uma marca: se reinventar em cada novo trabalho, mas sempre mantendo sua identidade. A banda iniciou sua carreira com o cd "Enter" lá em 1997 e o produto trazia Doom Metal pouco harmônico, é um trabalho bastante soturno, e para a época, bastante conceitual, principalmente no campo melódico. Após, tivemos o primeiro divisor de águas da carreira que foi "Mother Earth", que era menos conceitual e mais folclórico e rendeu comparações com o Nightwish, isso lá no ano 2000.

E a banda foi evoluindo o conceito de metal sinfônico desde então e criou The Silent Force em 2004, que marcou como primeiro trabalho da banda a incluir faixas orquestradas, sendo um salto de qualidade inimaginável até então. Qualidade essa que se mantem no álbum seguinte, o imponente e crítico "The Heart of Everything", um pouco mais comercial, porém, cheio de identidade e letras de tirar o fôlego. Em 2011, a banda volta a produzir faixas mais conceituais, aliando arte visual ao pacote.


 "The Unforgiving" não é só um álbum conceitual maravilhoso, ele é uma coletânea de trilhas sonoras maravilhosa. A arte da capa de The Unforving é assinada pelo notório desenhista Romano Molenaar que trabalhou na série X-men. E com o conceito das HQ's criaram um álbum visual que rendeu três curta metragens e uma história em quadrinhos, além disso, a banda trouxe um CD de metal sinfônico com entradas dançantes, simplesmente genial. Nunca antes os anos 80 foi trazido de forma tão natural para o metal sinfônico.

E agora temos Hydra e parece que a banda trabalhou para fazer mais "buzz" do que músicas de qualidade. Tudo em Hydra parece reciclado da genial carreira do Within Temptation. Não estou dizendo porém que os trabalhos não tenham qualidade de produção e que eles sejam capazes de entreter aos fãs, mas que a banda começou a mostrar sinal de cansaço criativo. A primeira faixa possui momentos deprimentes de letras "Let Us Burn" possui um chorus bastante atraente liricamente, mas Sharon canta Let Us Burn/ Let Us Burn/ The night in the skies here tonight. Alguns dirão que é uma enfase, e que pleonasmos são utilizados como forma de liberdade poética. Porém não vejo no restante da letra nada que indique que tal pleonasmo tenha sido utilizado de forma poética, e sim, somente para preencher a melodia de forma vazia.



Hydra possui um número grande de participações no disco. No total, são quatro participações. Apesar da não confirmação oficial quanto ao conceito do álbum, creio que os convidados sejam a segunda cabeça da Hydra, que compõe a segunda voz. E talvez de fato as cabeças tenham sido cortadas e se multiplicaram em vários coros e duetos durante as faixas. É com base nesse animal mitológico e suas características que tenha nascido o conceito do álbum. É possível inclusive fazer conexões entre a música "Edge of the World" com "Where is the Edge" do The Unforgiving. E é aí que nasce mais uma decepção, todos os temas, todas as canções parecem rebuscadas.

"Silver moonlight" remete a era "Enter" e claramente se enquadra como doom metal e as músicas todas remetem a algo que a banda já fez. E muitos refutarão dizendo que é uma questão de identidade. Tudo bem, concordo em partes, porém não deixa de ser decepcionante que quase todas as faixas sejam comparáveis com outros trabalhos.



Porém devo reconhecer que algumas músicas são realmente muito boas como a já citada "Edge of the World", "Whole World is Watching" e  "Paradise". É salutar que dentre as citadas, duas possuem participações, com Dave Pirner e Tarja respectivamente. E devo reconhecer que a parte técnica está muito afinada desde os vocais até as cordas, bateria, orquestrações e coros. O disco é redondinho e foi feito para agradar. fica um vazio quanto ao conceito, às letras ocas. Porém ainda assim é possível se divertir.

Ouça sem parar:

 "Edge of the World"/ "Whole World is Watching" /  "Paradise"

Ficha técnica:
Gravadora: Universal Music / Sony BMG
Gênero: Metal sinfônico / Gothic Metal / Dark atmosphere
Ano: 2014
Nota: 5,25


sábado, 25 de janeiro de 2014

Music of the Week: Day After Yesterday - Agua de Annique


Desculpem o atraso pessoal! Muita coisa acontecendo, nem sempre posso entrar na internet! Ok, sem mais delongas. Anneke tem uma voz muita harmoniosa, gostosa de ouvir. Melancolia, apreensão. Isso é Day After Yesterday! Você vai encontrar essa música no primoroso álbum Air!


Análise Retrô: Box Of Secrets - Blood Red Shoes (2008)

Existe uma necessidade para o mercado de hoje: o primor técnico. Há uma ânsia da crítica especializada de categorizar as obras por suas características técnicas, tais como, qualidade da produção, qualidade instrumental, qualidade harmônica e assim por diante. Se um trabalho se enquadra nos padrões protocolados de qualidade e inovação, eles são aclamados, do contrário são menosprezados.

Os clássicos, possuem qualidade técnica invejável, Kate Bush, Sinead O' Connor, David Bowie, porém, além de apuro técnico invejável tais artistas possuíam algo que os diferenciava: espírito. Mas e quando um artista só tem espírito?


Blood Red Shoes, uma dupla britânica, formada em 2004 por Steven Ansell e Lara-Mary Carter, não possuem grande qualidade técnica. Steven não é um baterista excelente (mesmo em momentos que não divide a bateria com os vocais) e Lara-Mary também não é uma excelente guitarrista. Mas o que chama atenção na dupla é o espírito. E isso torna o duo inglês muito semelhante ao duo americano The White Stripes (apesar de o Jack White ser um grande guitarrista e pianista). Porém, somente em espírito as duplas são comparáveis, pois musicalmente  os dois são muito diferentes.

As duas bandas se diferenciam em um detalhe: enquanto The White Stripes segue uma linha mais experimental, Blood Red Shoes é tradicional. São raras as músicas do duo britânico que incluam outros instrumentos que não a guitarra e a bateria, aliás, no álbum de nossa análise é somente esses os instrumentos utilizados e são suficientes para garantir vigor.

O cd é rápido, visceral, sem vírgulas. Gosto de comparar esse cd com uma maratona, onde os atletas correm, e dispõe durante a corrida de pontos de distribuição de água, porém, mesmo nesses pontos nunca param de correr. É assim que vejo Box Of Secrets. As músicas não dão tempo para respirar, porém, nunca se tornam sufocantes e até as mais lentinhas como "This is not fot You" não dão trégua.

Mas o cd inicia-se com "Doesn't Matter Much", que é exemplo também de música lentinha, mas nem tanto e  é como a largada da maratona, é um momento de concentração até o grande memento.  A música tem tom de conselho: seja quem você quiser ser e encontre razões para viver, que torce para que o filho não se torne aquilo que ele não é. E as letras são realmente minimalistas, aliás, a banda deixa bem claro, não se importe com as letras e sim com o som. Muito porém as letras parecerem criar uma história fragmentada. Impressão que fica nas letras das música "You Bring Me Down" e "Try Harder". Portanto, a caixa dos segredos pode sim trazer de fato o segredo na soma das letras. Veja que algumas letras ecoam como pistas:

" We´ll take some measurements and work it out with the sums"

E essa dúvida de se há um segredo ou não para ser desvendado torna o cd algo realmente único. E as somas nas letras tornam tudo cheio de sentido. Como um grande protesto à mídia, aos protocolos sociais. Sim, isso é muito punk. E o pulsar das letras que parecem gritadas de um megafone para as pessoas na rua dão um toque de personalidade a mais. O punk-post rock da banda é de altíssima qualidade sim, porém, assim como The White Stripes ou Sex Pistols, desprovido de técnica. E o álbum segue sua constante e desesperadora e enigmática maratona com "Say Something, Say Anything" com um dos melhores refrões do disco e "I Wish I was Someone Better" que te convida a chacoalhar incessantemente a cabeça com guitarras rápidas e desesperadas!

Se lembram do copo d'água? Pois é, "Take the Weight" é a primeira dos pontos e a música com seus pouco mais de quatro minutos é exatamente isso, um momento para respirar, porém o refrão nos lembra que ainda estamos numa corrida, e as críticas ainda são disparadas, contra o capitalismo, aos modismos, aos meios de comunicação. "A.D.H.D" (sigla em inglês para a mal de déficit de atenção causada por hiperatividade) talvez seja a resposta para a maratona:

"Now, now, now, now, boy!
Hearing everything so faster!...

 Now, now, now, now, boy!
Giving myself a heart attack"



"This is Not for You" reforça minha teoria, e a bateria bate e o rock se intensifica. Tudo volta a bater com força total, e sim, as músicas continuam animando, porém parece estar começando a cansar e aos poucos, após o desgaste físico, os atletas começam a economizar energia para poderem concluir a exaustiva prova. E lá vem mais um copo d'água "It's Getting Boring by the Sea" segue o mesmo padrão de letra minimalista e cheia de críticas a vida calma de uma cidade, então dizem apaixonados em coro que precisam correr como nunca e mudar o cenário (preciso dizer algo?). E a parcela de hard rock do cd fica para "Forgive Nothing" mais harmonizada, porém não menos veloz. Para finalizar a maratona "Hope You´re Holding Up" e assim o merecido descanso.

Blood Red Shoes não é inovador, não são os melhores instrumentistas. Porém eles cantam (gritam muitas vezes) aquilo que eles sentem, sem se importar com letras de métricas regulares e protocoladas. Não se intimide com o ritmo acelerado das canções e se divirta no mais verdadeiro rock, porque essa é a essência do rock: as vozes de protesto, de insatisfação, do descompromisso, mas ainda assim, do divertimento, da juventude. Portanto, tratem de ir atrás de conhecer esse ótimo trabalho.

Ouça sem parar:

"I Wish I Was Someone Better" / "You Bring Me Down" / "Try Harder" / "A.D.H.D"

Ficha técnica:
Gravadora: Mercury Records
Gênero: Punk Rock/ Post Rock/ Hard Rock
Ano: 2008
Nota: 8,75

domingo, 19 de janeiro de 2014

Os efeitos da percepção no mundo da música e no marketing em geral



Percepção é uma função cerebral que dá significado as nossas experiências à partir do que sentimos. Dentro dos aspectos da percepção existe a percepção visual, de tempo, de espaço, auditiva e até percepção social. Cada pessoa possui uma percepção para uma mesma situação ou estímulo e portanto se comportam de maneiras diferentes, pensam de formas diferentes. As pessoas criam durante a vida inúmeros modelos mentais. Por isso, os estudos da percepção são tão importantes, por exemplo, para pedagogos, pois a percepção está diretamente ligada à atenção e aos processos cognitivos.


Cada um tem uma experiência diferente com a música, por isso, dificilmente, encontraremos pessoas que tenham gostos exatamente iguais, pois, nosso gosto por música possui inúmeros fatores que tornam ela muito particular. Sem a percepção auditiva não seriamos capaz de distinguir ritmo, timbre, volume e em conjunto com a percepção espacial, a origem de emissão de um som. O reconhecimento das formas só é capaz a partir da constância perceptiva, fator muito estudado pela Gestalt, e é de importância notória.


Porém um estímulo gerado muitas vezes acaba gerando desinteresse e isso possui uma explicação não só psicológica, mas de ordem econômica também. Conforme a Lei da utilidade marginal decrescente, que explica que quanto mais escasso o recurso mais valioso ele é, mesmo que sua utilidade seja marginal. Isso é explicado por Adam Smith a partir do paradoxo entre a água e o diamante.


Levando esse conceito para o mundo da música recente podemos fazer um paralelo com Lady Gaga.


Lady Gaga debutou para o grande público no final de 2008 e de lá para cá já lançou 4 álbuns e esteve exposta na mídia de forma intensa durante esse período sem descanso, portanto é natural que o público já não responda com a mesma empolgação de antes. Apesar da resposta até positiva nas vendas, que garantiram 1 milhão de cópias para Artpop, é notório o fato que ela já não consegue manter o mesmo apelo comercial. Talvez, se a Mother Monster tivesse dado algumas pausas em sua carreira (oportunidades boas ela teve) poderia estar com uma imagem muito mais fresca que a atual. Porém, esse é um feeling difícil de perceber.





Aliado a isso, Lady Gaga (mesmo se esforçando) não consegue mudar e renovar a sua imagem. Essa característica camaleônica foi muito explorada por Michael Jackson e Madonna. Mais notoriamente Michael Jackson, cuja imagem mudou muito durante o tempo utilizando-se de tudo que era popular para montar sua imagem, apesar de não ser fã dele, devo admitir, que ele era um gênio na criação de buzz. Madonna seguiu bem seus ensinamentos mudando sua imagem constantemente, de dominatrix para a puritana e várias outras.



Portanto, mais importante que fazer buzz é a hora de parar e/ou se renovar (de forma ampla). Espera-se então que a música mude também. Fazem pelo menos 6 anos que o estilo de música mainstream é o mesmo. Sinceramente, estou cansado dos mesmos Pop sem sal, dos eletrônicos de falsos djs, e de rap (com excessão do Yeezus e Acid Rap, não lembro de nenhum álbum de Rap realmente decente) e dos rock n roll das bandinhas teen descoladas. Enquanto isso não muda, deixo minhas portas fechadas!